BOLSA FAMÍLIA
Em 12 anos, programa perde poder de compra
O brasileiro que depende do Bolsa Família para pagar suas despesas tem visto o benefício valer cada vez menos, corroído pelo aumento da inflação.
Desde que o programa foi criado, em outubro de 2003, o valor mínimo concedido às famílias, chamado de benefício básico, passou de R$ 50 para R$ 77.
Isto significa uma variação de 54%, praticamente a metade da alta dos preços acumulada no período, de 101,9%, revela o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo).
Apesar disso, os gastos do governo com o Bolsa Família subiram 631% entre 2004 (primeiro ano inteiro de funcionamento do programa) e 2015, seis vezes mais que o IPCA e onze vezes mais que o aumento do benefício básico.
A quantidade de famílias cadastradas no mesmo intervalo de tempo saiu de 6,6 milhões para 13,8 milhões, avanço de 109%, seis vezes menos que o ritmo de crescimento do desembolso do governo.
Para 2016, o governo estima uma expansão de R$ 1,1 bilhão nos gastos com o Bolsa Família, para R$ 28,8 bilhões.
Parte desse dinheiro deverá ser usado para reajustar o benefício básico, embora ainda não haja uma definição de quanto será nem quando será.
O que se sabe é que o reajuste não vai recompor a inflação.
É que a presidente Dilma Rousseff vetou, na sanção da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2016, um aumento de 16,6%, equivalente à alta dos preços nos últimos 20 meses.
Sem a correção do benefício pela inflação, o Bolsa Família acaba perdendo em eficiência, avaliam os economistas.
Caso o governo utilizasse o IPCA como referência para os reajustes, o benefício básico estaria hoje em R$ 101, R$ 24 a mais que os atuais R$ 77.