O combate à desertificação é necessário
também em termos de segurança, alertou hoje, 3, a Organização das Nações
Unidas (ONU) no lançamento de um estudo que mostra uma ligação entre a
desertificação, as alterações climáticas e as crescentes ameaças à
segurança nacional e internacional.
"Insegurança alimentar, conflitos relacionados com a água, migração, radicalização política e falência do Estado são sinais evidentes em países de grandes populações pobres, que dependem de terras frágeis ou desertificadas, cada vez mais expostas a acontecimentos climáticos extremos", indica o estudo.
O relatório da UNCCD estima em mais de 1 bilhão o número de pessoas que atualmente não têm acesso à água, prevendo que "a procura vai aumentar 30% até 2030".
Segundo o relatório, em 2020 cerca de 60 milhões de pessoas poderão deslocar-se das áreas desertificadas da África Subsaariana para o Norte da África e da Europa.
As alterações climáticas provocam acontecimentos climáticos extremos, como secas prolongadas e inundações, afetando “comunidades mais vulneráveis à desertificação”, alertou a secretária executiva da UNCCD, Monique Barbut.
As declarações de Barbut foram divulgadas em uma mensagem de vídeo durante um evento em Maseru, capital do Lesoto, para lançar a campanha global que antecede o Dia Mundial de Combate à Desertificação, em 17 de junho.
Segundo ela, este dia "é uma oportunidade única para lembrar a todos que a degradação dos solos pode ser combatida eficazmente e que existem soluções".
"A campanha promove uma abordagem baseada nos ecossistemas, para conseguir uma ‘terra à prova de clima’ e garantir a sua produtividade para as gerações presentes e futuras", diz o comunicado.
Para o presidente da Global Environment Facility (organização financeira que subsidia projetos relacionados com o meio ambiente), Naoko Ishii, “em nenhum outro lugar no mundo estão as ameaças de desertificação mais intimamente ligadas à segurança alimentar e à estabilidade política e econômica do que nas terras áridas da África”.
O estudo da ONU mostra "uma sobreposição" das regiões mais vulneráveis à desertificação, com aumento da temperatura e da seca nos últimos 40 anos em "áreas de alta incidência a ataques terroristas em 2012, ocorrendo tumultos provocados pelo aumento do preço dos alimentos em 2007-2008".
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