SENADORES PEDEM REVISÃO DA LEI DE ANISTIA EM SESSÃO PARA LEMBRAR O GOLPE DE 1964
Senadores que integram a subcomissão da
Memória, Verdade e Justiça afirmaram hoje, 31 de março, que vão apoiar o
movimento pela coleta de assinaturas para a revisão da Lei da Anistia.
A
campanha que está sendo organizada pela Anistia Internacional começa
amanhã, 1º de abril, com uma petição online para que casos de tortura,
assassinato e estupro sejam considerados crimes contra a humanidade.
No evento, o senador João Capiberibe (PSB-AP), autor do requerimento para que a solenidade ocorresse, disse que o país tem hoje mais liberdade para tratar sobre os crimes praticados na época, mas alertou que é preciso continuar desvendando fatos e punindo criminosos.
“As oportunidades de informar sobre o golpe e suas consequências foram raras ao longo dos últimos 50 anos, porque a imprensa não informava com a liberdade que está informando hoje”, afirmou.
O senador lembrou que foi preso, torturado e conseguiu fugir da prisão, ficando nove anos exilado.
Capiberibe defendeu que as próprias Forças Armadas dêem início a um debate aprofundado sobre os crimes cometidos na época.
A tortura era determinação política de quem comandava o país naquele momento”, ponderou.
Líder do PSB, o senador Rodrigo Rollemberg (DF) também destacou a importância do período militar ser lembrado “para que o Brasil não mais seja governado por uma ditadura”.
Rollemberg lembrou a recente aprovação pelo congresso de importantes leis como a da ficha limpa e a de acesso à informação, mas, segundo ele, é preciso aprofundar ainda mais a democracia no país.
Os 50 anos do golpe militar também serão lembrados com uma série de eventos na Câmara ao longo da semana.
Amanhã, 1º, Maria Thereza Goulart, viúva do ex-presidente João Goulart, é a principal convidada de uma sessão solene sobre a data.
Além da cerimônia e de exposições montadas para lembrar o regime militar, deputados esperam ouvir na quarta-feira, 2, o general reformado do Exército José Antônio Nogueira Belham sobre a prisão, tortura, morte e ocultação de cadáver do ex-deputado federal Rubens Paiva, cassado após o golpe militar de 1964, exilado por um período e preso quando retornou ao Brasil, em 1971.
Belham, que comandava o Destacamento de Operações e Informações (DOI), onde Paiva ficou preso, é apontado como um dos responsáveis pelo desaparecimento do cadáver do ex-parlamentar.